Um desafio em comum que todos os pais enfrentam é sobre o que fazer com filho desobediente.
Não importa se seu filho tem 3 anos, 5 anos, 11 anos ou até mesmo 17 anos. Com certeza você já se sentiu desafiado, e até mesmo perdido quanto ao que fazer para ensiná-lo a ser menos desobediente.
Se você clicou nesse artigo porque já não sabe mais o que fazer, calma! Todos pais e mãe passam por isso, a culpa não é da genética do seu filho, e ele não é um caso perdido.
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O que é desobediência?
Desde pequenos, um dos primeiros conceitos que aprendemos é o de obediência e, por conseguinte, aprendemos o que é ser desobediente. Mas ao nos tornarmos pais, vemos que é muito difícil ensinar isso aos nossos filhos.
O Dicionário Brasileiro Michaelis afirma que desobediência consiste em uma “falta intencional de obediência”, ou seja, não realizar ou submeter ao pedido de alguém.
Mas será que os filhos sempre desobedecem por querer? Será que sempre é “intencional” como afirma o dicionário?
Na maioria das vezes parece que sim, parece rebeldia. Mas, ao estudarmos o comportamento infantil, observa-se que as crianças compreendem o mundo de uma maneira muito diferente de nós.
Para conseguirmos ensiná-los sobre o que é obediência, é necessário muito mais do que ensinar um termo.
Atualmente, a grande dificuldade dos pais quanto ao que fazer com filho desobediente é que esses pais não compreendem essas crianças, ou as motivações que os levam a tais atos.
Dessa forma, o primeiro passo para saber o que fazer com seu filho desobediente é compreender como as crianças pensam, e entender o temperamento do seu filho.
Desobediente ou rebelde?
É fácil, em momentos de total nervosismo, acreditar que a criança é rebelde, malcriada ou algo do tipo, ao invés de procurar entender a motivação desse comportamento desobediente.
A rebeldia é um conceito bem diferente do de desobediência: rebeldia consiste em se revoltar de forma brava, indomável, indisciplinada.
Então não se culpe se algum dia seu filho te desobedecer na frente dos outros, achando que vocês o criaram mal ou que ele é uma criança rebelde, que “não tem jeito”. Ataques de raiva também são comuns nessas situações.
Provavelmente o problema está no seu lado, não no dele. Você ainda não entendeu o temperamento do seu filho, ou como funciona para ele responda aos seus pedidos de forma mais assertiva e menos desobediente.
Rebeldia é um estado de alguém totalmente indisciplinado e que quer causar uma revolta. Você acha mesmo que seu filho pequeno quer causar algum tipo de revolução? 😉
O que você chama de “rebeldia” provavelmente sejam traços de sua personalidade. Provavelmente é hora de entender o temperamento do seu filho, e começar a lapidá-lo para trazer à tona o que ele tem de melhor.
E para entender melhor esse assunto, precisamos ir mais a fundo na compreensão dos temperamentos e comportamentais infantis.
Temperamentos comportamentais infantis e a desobediência
Ao se deparar com seu filho fazendo um escândalo no mercado ou sendo desobediente na frente dos outros, você já parou pra pensar em como seu temperamento pode afetar esse tipo de comportamento?
A psicóloga infantil Daniella Freixo de Faria comenta sobre a influência do temperamento da criança quanto a desobediência.
Ela aponta que conhecer o temperamento deles é uma forma de entender como eles respondem e reagem ao mundo, para assim poder falar com eles de forma assertiva, para que eles respondam de forma menos desobediente.
Afinal, a forma como os pais vêem o mundo é bem diferente da forma que eles vêem. Para os adultos, é fácil entender o porquê precisamos tomar banho todos os dias, já para a criança pode ser difícil entender essa necessidade.
Baseado na teoria de Empédocles ainda na Grécia Antiga, os quatro temperamentos humanos estão relacionados aos quatro elementos naturais: terra, fogo, ar e água.
Vários estudiosos aprimoraram e desenvolveram essa teoria posteriormente, chegando a quatro temperamentos humanos: colérico (fogo), sanguíneo (ar), fleumático (água) e melancólico (terra).
Os quatro temperamentos humanos nas crianças
Trouxemos um resumo simples das características de cada um e buscamos trazer algumas características que influenciam diretamente em seu comportamento quanto à obediência:
- Temperamento colérico: a criança tende a ser mais expansiva, gosta de falar suas ideias e costuma ser aquela criança que puxa e lidera os grupinhos. Essa criança também costuma gostar das coisas do jeito dela e brigar por isso.
- Temperamento sanguíneo: super extrovertida, a criança sanguínea é espontânea, gosta de sempre estar brincando junto com várias crianças, é energética e incansável, mas também pode ter um lado muito emotivo.
- Temperamento fleumático: a criança fleumática é mais introvertida, analítica, demora para decidir e leva mais tempo para responder às situações.
- Temperamento melancólico: introvertida também, só que mais voltada à segurança, essa criança é aquela que interioriza seus sentimentos, tem mais medo de se arriscar a fazer algumas coisas.
Lembrando que não existe melhor ou pior temperamento, todos tem lados positivos e negativos. A partir da compreensão de qual é o temperamento do seu filho, ficará mais fácil saber como agir e o que fazer para lidar com atitudes de desobediência dele.
Como ensinar meu filho a ser obediente?
Ensinar seu filho a ser menos desobediente pode parecer mais um grande desafio, mas queremos te mostrar que, com algumas técnicas simples, você pode, sim, se conectar mais com seu filho, e, consequentemente, ele se tornará mais obediente.
Uma forma de fazer isso é fazer as perguntas certas baseando-se no temperamento dele. Por exemplo, se você identificou que seu filho é fleumático, você pode dar mais informações sobre o porquê dele precisar fazer alguma coisa.
Já caso você tenha uma criança mais sanguínea, extrovertida, com temperamento mais forte, explicar detalhadamente o porquê das coisas pode ser algo que só vai irritá-lo ainda mais.
Um caminho melhor, por exemplo, é sugerir duas opções para ela: guardar os brinquedos agora para depois ele poder brincar com seus amigos, ou não poderá brincar com os amigos. Como ela é mais prática e mais da ação, poder decidir o que fazer é algo que funcionará melhor com essa criança.
O livro Os 4 Temperamentos da Educação dos Filhos, aborda esse tema em maior profundidade, e é uma ótima sugestão para quem deseja compreender e estudar melhor esses comportamentos e aprender na prática o que fazer em diversas situações.
Mas é importante lembrar que entender melhor sobre o temperamento do seu filho é super importante, mas não é a única coisa que vai influenciar nesse processo dele se tornar mais ou menos obediente.
Sua atitude, como pai ou mãe, também é muito importante nesse processo! Seu filho espelha suas atitudes e, acredite, as crianças reparam nisso desde muito cedo.
Por isso, fique atento às suas atitudes e ao ambiente em que a criança está inserida, identificando possíveis outros aspectos de influência em seu comportamento.
Lembre-se também que você é o agente principal condutor desse processo. Ou seja, busque se conectar de verdade com seu filho, conversando e entendendo-o melhor, para então ajudá-lo a ser menos desobediente.
Nada é mais importante do que seu filho te ver como alguém que ele respeita e ama, entendendo a importância da obediência a partir disso.
É certo castigar meu filho?
Muita gente pensa que não será uma boa mãe se castigar o filho. O que acontece é que a prática é muito comum, mas que nem sempre é realizada de forma assertiva para cada criança. Essa prática é super necessária, mas deve ser realizada da forma certa.
Antigamente, era muito comum os pais castigarem as crianças com vara quando estas faziam algo errado ou eram desobedientes.
Quantos de nós não sofremos com chineladas e palmadas de nossos pais que apenas nos traumatizaram mas nunca ensinaram algo de positivo?
Felizmente, através de estudos comportamentais, entendemos hoje que o uso de violência física ou verbal como castigo não é a forma mais eficaz de ensinar algo a criança, sendo ainda mais prejudicial para seu comportamento.
O castigo deve existir, contudo deve ser uma forma de educar, não apenas castigar machucando, tanto que o termo “castigo” já está caindo em desuso exatamente por possuir essa conotação de machucar, causar um sofrimento.
Nós não queremos isso para nossos filhos, por isso é importante estudar formas de ensinar limites às crianças de forma mais assertiva, e de forma a contribuir positivamente para seu desenvolvimento.
Como colocar o filho de castigo da forma certa?
Essa é uma dúvida bem comum. Antes de dar um castigo a seu filho, tire um tempo e se dedique de verdade a pensar ou pesquisar castigos que serão pedagógicos para ele e não serão apenas castigos que vão magoar a criança.
Além disso, explique e combine o castigo com seu filho, porque, dependendo da idade dele, ele pode não entender o porquê de estar sendo punido. Esse é o primeiro passo!
Algumas outras dicas para colocar seu filho de castigo da forma certa, são:
- Dê o castigo imediatamente na hora que a criança for desobediente.
- Explique o motivo do castigo.
- Não bata na criança, discipline-a sem traumatizá-la.
- Se seu filho estiver praticando alguma ação errada constantemente, busque entender o que está acontecendo com ele antes de simplesmente castigá-lo: talvez ele só precisa desabafar e ser compreendido.
- Não grite na hora de castigar.
- Seja firme com o castigo e não volte atrás na decisão.
- Castigue de forma que o castigo escolhido faça sentido e seja pedagógico para a criança. Por exemplo: ensine que toda ação tem um consequência.
- Dê um tempo de castigo correspondente ao tipo de castigo: por exemplo, se o castigo consiste em deixar a criança sentada refletindo por um tempo, não adianta deixá-la lá por 1 hora, pois bem antes disso ela vai se distrair, inventar uma brincadeira e esquecer que está de castigo. Já no caso do castigo ser tirar algo da criança (no caso de crianças mais velhas), você pode estende-lo por um tempo maior.
- Fuja de ameaças vazias e de frases negativas como: “já falei mil vezes”, “pare de ser rebelde” ou o famoso “você vai ser só”, ou “vou chamar o homem do saco”. Além de poder prejudicar a autoestima da criança associando adjetivos negativos à ela, você também pode acabar mostrando que sempre fala mas nunca cumpre o que diz, afinal, nenhum de nós nunca viu nenhum homem do saco chegar, né?
E se você ainda não tem certeza sobre como aplicar os castigos mais “tradicionais” quando seu filho for desobediente, você também pode pesquisar sobre a Disciplina Positiva.
Essa abordagem foi desenvolvida há mais de 30 anos, ela propõe um método educativo que ensina que dá pra ser firme, mas também ser afetivo e empático na criação de filhos.
De forma simples, ela propõe por exemplo que os limites não sejam impostos simplesmente por um castigo, mas defende o diálogo e cooperação como ótimas armas contra a desobediência.
Se quiser saber um pouco mais sobre essa abordagem, confira esse TEDx da psicóloga, educadora parental e mãe, Cecília Antipoff, que explica um pouco mais sobre a Disciplina Positiva.
As consequências da desobediência no futuro da criança
Corrigir a criança desobediente é também uma forma de educá-la para o futuro. Afinal, tudo o que ela está aprendendo e vivendo até mais ou menos os 7 anos de idade, está formando seu caráter.
Alguns estudos apontam que alguns comportamentos desobedientes podem ser o início ou o sinal de outros comportamentos considerados mais problemáticos.
Ou seja, a criança dá sinais de mal comportamento logo na infância, que se atenuam na adolescência, e evoluem na fase adulta. Formando adultos com mau comportamento no trânsito, ou condutas erradas no trabalho, por exemplo.
Fique atento também para o lado oposto da moeda: crianças que fazem tudo que mandam de forma passiva. Ou seja, tente identificar se a criança é obediente ou é totalmente passiva, sem entender que está obedecendo, não simplesmente cumprindo ordens.
Isso é importante porque crianças com esse comportamento podem ter dificuldades futuras no desenvolvimento de sua criatividade e autonomia.
E lembre-se: a criação de filhos é uma caminhada constante de erros e acertos, não se cobre demais.
E se este post foi útil pra você, compartilhe com outros pais que podem estar enfrentando esse mesmo problema!
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