Mulher estressada

Meu filho tem ataques de raiva: 6 formas de lidar e evitar frustração

“Meu filho tem ataques de raiva e não sei o que fazer para mudar essa situação.”

Vemos muitas mensagens assim nas mídias sociais, em grupos de WhatsApp e Facebook. Mas não se preocupe, vamos ajudar a resolver essa situação sem gerar mais frustração para os dois lados.

Sei que não é um caminho nada fácil, você precisa de muito autocontrole para tentar ajudar seu filho. Mas é possível sim! 💪

Neste post você entenderá porque seu filho tem ataques de raiva e como ajudá-lo a controlar as emoções.

É normal o bebê ou a criança ter ataques de raiva?

Pense comigo, quando nascemos a única forma que temos de nos comunicar é através dos choros e risos, dessa forma mostramos quando algo está indo bem ou não.

Mesmo após começar a andar e falar, ainda estamos aprendendo a lidar com alguns sentimentos difíceis, como a frustração.

Para a neurociência, a birra infantil atua na parte mais primitiva do cérebro, já que o sistema cognitivo ainda não está bem desenvolvido — por isso, os choros e os gritos ocorrem quando os desejos não são atendidos.

O que não fazer quando seu filho fizer birra

Ataques de raiva, ou birras infantis, fazem parte do crescimento da criança, desde que não seja algo muito frequente.

O grande problema ocorre quando os pais cedem às vontades da criança quando ela faz uma birra, principalmente em locais públicos.

Nessa hora o que a criança aprende? Ela aprende que se fizer birra e insistir, no final conseguirá o que deseja. E assim, a criança começa a repetir o comportamento de birra, gritos, choros e até bater nos pais para conseguir o que deseja.

crianca assistindo video no celular

Mas se não for ensinada a se controlar, este comportamento pode piorar na adolescência. Aí é onde mora o maior problema.

Outro ponto muito importante é não perder a cabeça durante um ataque de raiva dos filhos. Se sentir vontade de gritar com ele, pare e pense: “por que quero gritar?” 

Não gritar durante o ataque de raiva é fundamental – na sequência do texto, vamos explicar melhor como fazer isso. Continue lendo!

Em síntese, seu objetivo deve ser compreender a raiva, para conseguir se controlar melhor. Quando entender de onde ela vem, conseguirá se comunicar com mais calma.

Isto é super importante porque raiva gera mais raiva.

Quando a mãe vê o filho fazendo birra, fica estressada. E aí ela desconta no filho. O filho, por sua vez, fica mais irritado ainda… É importante quebrar este ciclo!

Meu filho adolescente tem ataques de raiva

As mudanças no corpo e no cérebro do seu filho não acabam na infância. Durante a adolescência, o córtex frontal – a parte do cérebro usada para gerenciar emoções, tomar decisões, raciocinar e controlar as inibições – é reestruturado, formando novas sinapses em um ritmo incrível.

Seu cérebro processa informações de maneira diferente do cérebro de um adulto maduro. E isso ocorre até meados dos 20 anos de idade.

Mas como reduzir os ataques de raiva, sem estresse e sentimento de culpa no final? Não tem como resolver uma coisa que você não entende o que é.

Primeiro vamos entender o que é uma crise de raiva.

Crise de raiva ou birra, qual é a diferença?

Meu filho tem ataques de raiva: grita, chora, se agita, rola no chão, joga coisas, bate os pés e tem outros comportamentos violentos. Identificou esses comportamentos?

Os ataques de raiva são bem frequentes na infância e podem ser pior em algumas idades, surgem próximo ao fim do primeiro ano e aumentam entre os 2 (a primeira adolescência) e os 4 anos. Geralmente, começam a se tornar mais raros após os 5 anos. 

Os motivos podem ser variados, nessa idade a criança ainda está aprendendo a lidar com a frustração, raiva, dor, medo e todos os tipos de sentimentos.

A criança com raiva, geralmente, está externando a dificuldade de lidar com os sentimentos ou buscando por atenção. É aí que a birra e a crise de raiva se confundem e dão um nó na cabeça dos pais.

Por isso, vou pontuar algumas diferenças para você entender a diferença entre birra e crise de raiva, independente da idade (de 1 a 16 anos).

Sinais de birra

  • A birra geralmente termina quando a criança consegue o que quer.
  • Durante uma birra, a criança/ adolescente muda de tática quando reagimos de maneira diferente à maneira como costumamos reagir. 

Sinais de ataque de raiva

  • O ataque de raiva continua mesmo depois que a criança/ adolescente consegue o que quer, porque a criança não tem controle.
  • Não é intencional ou uma estratégia para ganhar atenção dos pais.

A grande diferença para entender se seu filho tem ataque de raiva ou é birra, é o controle emocional. Na crise de raiva a criança tem uma reação exagerada e não consegue se controlar, mesmo quando consegue aquilo que desejava.

E o que você faz quando seu filho tem ataques de raiva ou birra?

Vemos muitos pais dizendo que ignorar resolve, já outros desistiram de tentar ignorar, dizendo que não funcionava, e que não sabem mais o que fazer.

Vamos dar dicas para lidar com às duas situações. Mas, o que você acha? Ignorar é um bom caminho?

crianca chorando no meio da estrada

Meu filho tem ataques de raiva, devo ignorar?

Ignorar o comportamento do seu filho pode ajudar em caso de birra, aquele caso em que ele está usando uma estratégia para chamar atenção e conseguir o que deseja.

Ignorar comportamentos inadequados pode sim ajudar a reduzir a birra, mas não o educa, nem ensina como lidar com a frustração.

E uma criança que não sabe lidar com a frustração tem grande probabilidade de se tornar um adulto inseguro, frágil e infantilizado. E nem você, nem a sociedade quer isso né? 😉

Como controlar os ataques de raiva?

A raiva é um sentimento normal, e inclusive pode ser uma emoção positiva quando ajuda a resolver questões ou problemas.

No entanto, a raiva pode se tornar problemática se levar à agressão, explosões ou mesmo alterações físicas. Nesses momentos, o mais importante é você, pai ou mãe, ficar calmo.

O seu autocontrole é o primeiro passo para te ajudar a evitar dizer ou fazer algo de que você possa se arrepender.

Então respire fundo e não se deixe levar pela situação, ser racional vai ajudar. Depois é só colocar as dicas abaixo em prática.

Dicas de como lidar com ataques de raiva infantis

1. Não grite quando ele estiver em um ataque de raiva

“Meu filho tem ataques de raiva e minha primeira reação é gritar com ele”, você se identifica? Muitas vezes os pais reagem da mesma forma que os filhos estão agindo, desafiando-os e gritando de volta.

Mas isso só aumentará sua sensação de estar fora de controle, por isso, a primeira dica que dei foi para você se controlar, e não se deixar levar pela situação.

Sei que é difícil, às vezes estamos com diversos problemas, preocupações, dívidas, e a criança dando um ataque de raiva!

A vontade é de jogar tudo pro alto, eu sei, mas você não está só. Todo pai e mãe passam por essas situações. Além disso, estamos aqui com você, pra lhe ajudar 🤗

À medida que você aceita a raiva do seu filho e permanece calmo, ele estabelece os caminhos neurais e aprende as habilidades emocionais para se acalmar e comunicar como se sente, sem ferir pessoas ou destruir coisas.

A melhor coisa que você pode fazer é manter a calma em uma crise. Não desafie seu filho quando ele estiver com raiva. Espere pacientemente até que ele se acalme.

mulher vendo por do sol

2. Comunicação cura tudo

Você já deu nome aos sentimentos junto ao seu filho? Enquanto a decepção geralmente é tratada com empatia, a raiva pode ser tratada com desprezo.

Pense comigo, no momento em que criança está descobrindo esses sentimentos é o melhor momento de aprender sobre eles, não acha?

Por isso, dar nomes aos sentimentos é o primeiro passo para lidar com todos eles, seja: frustração, decepção, vergonha, ou raiva. 

Ao dar um nome a essas emoções, é possível incentivar as crianças a “usar suas palavras” para ajudá-lo a entender melhor o que está sentindo e a se sentir melhor.

É normal sentir raiva, mas não é normal se comportar de forma agressiva, converse a seu filho sobre isso. Verbalize seus próprios sentimentos.

3. Observe as reações, suas e dele

“Meu filho tem tantos ataques de raiva, já não sei mais o que fazer.”

Então vamos começar pela observação. É importante observar tanto as reações físicas quanto mentais, e tanto suas quanto as do seu filho.

Prestar atenção às suas próprias reações ajudará seu filho a prestar atenção a si mesmo, porque ele não precisará se preocupar com você ou com suas emoções.

Quando você não responde com calma, seu filho vai trabalhar ainda mais duro em sua birra para tentar fazer você prestar atenção nele. 

4. Estimule a auto-reflexão

No momento do ataque de raiva, incentive seu filho a se olhar no espelho quando estiver com raiva.

Com grande a probabilidade, ele ou ela não gostará da imagem. A raiva não é uma emoção atraente.

Essa prática funciona inclusive com adultos. Ela ajudou o tenista Roger Federer a parar com as birras durante o jogo, depois de assistir os vídeos de suas próprias reações. Afinal, os adultos também fazem birra.

5. Evite ceder quando identificar um ataque de birra

As vezes as crianças descobrem que as birras são uma forma altamente eficaz de ter suas vontades atendidas.

Se uma criança chorar, gritar, se jogar no chão, e logo depois seus pais entregarem o que ela quer, como um brinquedo, por exemplo. Essa situação a estará ensinando que fazer escândalos é o caminho para ter o que quer, mesmo após receber um “não”.

Não ceda ao seu filho para evitar um colapso. Embora isso possa ser mais fácil no curto prazo, no longo prazo só vai piorar os problemas de comportamento e a agressividade.

Em vez disso, trabalhe para mostrar ao seu filho como lidar com a frustração e ensine quais comportamentos farão com que ele obtenha o que deseja

6. “Acabou? Agora…”

Quando seu filho tiver um acesso de raiva, começar a gritar e perder o controle, certifique-se de dar a ele as consequências com base em seu comportamento, não em suas emoções.

Por exemplo, se seu filho xingar você durante a explosão de raiva, dê a ele uma consequência mais tarde por xingar.

Mas se tudo o que ele fizer for entrar em seu quarto e gritar sobre como a vida não é justa, deixe isso de lado. A raiva é uma emoção normal e as crianças ficam com raiva assim como nós. E elas precisam sentir que têm um lugar seguro para desabafar.

Contanto que eles não estejam quebrando nenhuma regra, nem sejam desrespeitosos, acredito que você deva permitir que eles tenham tempo para ficar com raiva também.

7. Ensine a respirar fundo

Respirar fundo é uma das melhores técnicas para se acalmar. Funciona bem durante ataques de raiva, crises de ansiedade, nervosismo na hora de fazer uma apresentação no colégio… 

Durante todas essas situações, a respiração fica mais curta e acelerada. É importante ajudar a criança a assumir o controle e lembrar de respirar com mais calma.

Faça movimentos demorados. Mostre à criança como inspirar bem fundo (pela barriga, e não pelo peito), e depois expirar. 

Normalmente, repetir algumas vezes é o suficiente para fazê-la se acalmar.

Se possível, deixe a criança sentada em algum lugar confortável e faça ela relaxar o pescoço e os ombros enquanto respira fundo para ser ainda mais efetivo.

É difícil fazer isso durante o ataque de raiva, mas as vezes é possível sim, uma dica é adicionar um toque lúdico ao inspirar e expirar.

Este vídeo é um excelente exemplo da técnica em ação:

Cheira a flor (para inspirar)…

Assopra como o lobo (para expirar)”.

O melhor é que essa é uma técnica que vale para a vida toda, já que adultos também podem se acalmar assim.

Inclusive, se o estresse com os ataques de raiva dos filhos for grande, faça o exercício também!

8. Aprenda a dizer não

Esta é uma missão difícil, mas um bom pai ou uma boa mãe sabe dizer não quando o momento pede.

Na hora, isso vai ocasionar mais birra, já que muitas vezes as crianças (ou até os adolescentes) sentem dificuldade em ouvir não.

No caso das crianças pequenas, elas sequer compreendem o não.

Mas no longo prazo, é fundamental para educá-los e ensinar a lidar com as frustrações que fazem parte da vida.

Especialmente quando o caso é uma birra, e não um ataque de raiva, aprender a definir limites faz toda a diferença.

Uma boa estratégia é negar fazendo afirmações. Parece contraditório, mas fica mais fácil com um exemplo:

“Mãe, posso sair para brincar agora?”

“Pode só depois que você fizer a lição de casa”.

Percebe como você está dizendo um não, mesmo sem usar a palavra ou sequer usando uma frase negativa

Você está afirmando que a criança não pode brincar agora, mas assim que fizer a lição, ela vai poder.

“Não gritar” e “falar mais baixo” é outro exemplo desta mesma regrinha. As duas frases querem dizer a mesma coisa, mas a afirmativa é mais simples para a criança pequena entender, nem gera um confronto.

Dar diferentes opções também é uma excelente forma de dizer não sem fazer uma negativa complexa. 

“Mãe, quero comer um X-Burguer hoje”.

“O que você acha de salada, carne de panela ou macarrão?”

Você está dizendo que ela não vai comer um X-Burguer hoje, mas está lhe dando certo grau de autonomia para decidir qual vai ser a refeição.

Não é um processo automático e será necessário fazer algumas negociações, mas quanto mais você praticar, mais simples fica encontrar o equilíbrio entre sim e não. 

Técnica: Grounding

mae sussurando ouvido filha

Existe uma técnica para parar birras chamada “grounding”, a estratégia dela é distrair a criança, para que ela pare de chorar ou gritar, através de pedidos que a ajudem a focar em outras coisas.

Você pode pedir coisas que usem os diferentes sentidos que ela possui, como:

  • cantar/cantarolar sua música preferida.
  • sentir uma textura diferente.
  • contar quantos azulejos tem no teto.
  • lamber alguma coisa salgada.

Pode levar um tempinho mas ao pedir algumas dessas coisas à criança, ela vai ficar tão distraída que vai parar com a birra.

Aqui vai um depoimento de um pai que usa essa técnica:

Toda vez que a nossa filha de 2 anos está começando a ficar atacada, nós falamos pra ela “vai fazer carinho na Pérola!”. Pérola é a nossa gata que tem um pelo bem fofo e macio. Funciona todas as vezes! Ela se acalma e passa alguns minutos fazendo carinho na gata.”

Meu filho tem ataques de raiva, devo me preocupar?

Se seu filho tem ataques de raiva isso é normal, mas depende do nível. Com que frequência esses ataques acontecem?

Os comportamentos de acesso de raiva se tornam anormais quando ocorrerem todos os dias ou várias vezes por dia, situações como:

  • Acesso de raiva sem controle.
  • Perder a paciência ou ter um acesso de raiva com um dos pais.
  • Perder a paciência ou ter um acesso de raiva quando estiver frustrado, com raiva ou chateado, cansado, com fome ou doente.
  • Perder a paciência ou ter um acesso de raiva para conseguir algo que deseja.

Meu filho tem ataques de raiva com frequência, e agora?

Em primeiro lugar, não entre em pânico. A maioria das crianças, em algum ponto, fará a maioria das coisas que listamos anteriormente.

Caso você identifique que é birra coloque em prática essas e outras dicas que demos neste post.

Porém, percebendo que seu filho não tem controle sobre os ataques de raiva, é melhor procurar um médico para uma avaliação.

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Veja o que um pai falou sobre outra das nossas dicas para lidar com birras e ataques de raiva: 

Obrigado pela mais aleatória e efetiva dica de paternidade que eu já recebi até hoje! Minha filha ama isso, eu amo isso, no final todos saem felizes!

Temos a missão de ajudar mães e pais a lidar com as maiores dificuldades de criar um filho, clique aqui e veja como. Até hoje nenhum pai se arrependeu.