Você sente preocupações estranhas com frequência? Tem medo de situações cotidianas? Dorme mal e sente o coração bater mais forte sem motivo?
Se você respondeu sim para essas perguntas, provavelmente sofre de ansiedade… (mas só um profissional poderá lhe passar o diagnóstico)
E se você é jovem, você precisa falar com seus pais sobre isso. É difícil, mas é muito importante. Pois o apoio das pessoas próximas é o primeiro passo para buscar o tratamento.
Sabemos que muitos adolescentes sentem dificuldade para falar sobre ansiedade. A maioria não sabe direito como contar para os pais que não está bem, até por muitas vezes não saberem explicar direito o que sentem.
Por isso, neste texto vamos explicar como tomar essa iniciativa para terem essa conversa e como buscar ajuda.
Se você for pai ou mãe, essa leitura vai te ajudar a entender melhor seus filhos e a ficar atenta a esses sintomas. Afinal, é um dos maiores males dessa geração.
Índice do post
O que é ansiedade
Antes de pensar em como falar com os pais sobre ansiedade, é preciso entender que sentir ansiedade não é ficar na expectativa antes de sair com o crush ou antes de uma prova importante.
Todo mundo já sentiu frio na barriga em situações assim. É normal e não é disso que estamos falando aqui.
Ansiedade é um transtorno onde qualquer coisa vira motivo de preocupação.
A pessoa ansiosa não consegue relaxar e nem tem tempo para o agora. Está sempre pensando no futuro, se preocupando demais com coisas que ainda nem aconteceram e que talvez nunca aconteçam!
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 264 milhões de pessoas ao redor do mundo têm transtornos de ansiedade e cerca de 10% delas estão no Brasil.
Quais são os sintomas da ansiedade
Quando se torna um transtorno, ansiedade causa uma série de sintomas físicos e psicológicos que variam de pessoa para pessoa.
Alguns dos mais comuns são:
- Apreensão, medo e angústia.
- Incapacidade de relaxar.
- Insônia.
- Preocupação excessiva com o futuro.
- Sensação forte de que algo ruim vai acontecer.
- Falta de ar.
- Boca ressecada.
- Coração acelerado.
E é claro que quem se sente assim tem mudanças no comportamento. Segundo a psicóloga Karoline Senna, ansiedade causa:
Inquietação, irritabilidade, baixa concentração, comer demais ou deixar de comer…
Muitas vezes a gente nem associa essas mudanças de comportamento com ansiedade. Por exemplo, roer as unhas é um sintoma de ansiedade em alguns casos, mas no dia a dia muita gente nem faz essa relação.
Inclusive, temos um texto sobre o assunto aqui no blog explicando em detalhes o que esse hábito tem a ver com a ansiedade, além de dicas de como parar de roer unha.
Se alguém te falar que ansiedade é frescura, não acredite. É apenas ignorância dessa pessoa.
Como saber se eu tenho ansiedade?
Se você se identificou com os sintomas acima, é bom ligar o alerta. ⚠️
Mas só tem um jeito de saber de verdade: com avaliação profissional. É importante fazer terapia porque existem vários tipos de ansiedade e várias causas diferentes.
Por exemplo:
- Transtorno de Ansiedade Generalizada: é quando o cérebro “não desliga”.
- Fobias: medo exagerado ou paralisante de objetos ou situações.
- Fobia social: ansiedade na hora de se conectar com pessoas, como falar em público ou ir a uma festa.
- Síndrome de pânico: sensação repentina de que algo ruim vai acontecer.
É aí que chegamos ao assunto principal desse texto: conversar com os pais sobre ansiedade é a melhor forma de procurar ajuda profissional, especialmente se você for um adolescente ou jovem adulto que mora com eles.
Porque conversar com os pais sobre ansiedade
“Será que eu preciso mesmo falar sobre o assunto? Tenho vergonha (ou medo) de não ser levado a sério…”
Esse é um medo comum, mas é preciso juntar coragem e falar com seus pais sobre ansiedade sim. Sem conversa, não dá para entender e nem tratar.
Mas sabemos que não é tão simples assim. Por vergonha ou falta de informação, muitos adolescentes permanecem em silêncio, adultos também!
É assim com outros problemas de saúde mental também, como a depressão.
Segundo uma pesquisa feita pelo Ibope em 2017, 39% dos adolescentes não se sentem confortáveis falando com os pais sobre depressão. E mais da metade não contaria na escola ou no trabalho!
O problema é que quando você guarda os sentimentos e experiências ruins só para você, acaba se sentindo cada vez pior e fica ainda mais ansioso. Além disso, pode acabar se sentindo isolado.
Mas como quebrar esse ciclo e finalmente falar sobre ansiedade? 🤔
Segundo a psicóloga Karoline Senna, normalmente a família é a primeira a notar o comportamento ansioso.
Ou seja, provavelmente os seus pais já perceberam tem algo de errado, mesmo que eles ainda não tenham certeza sobre o que está acontecendo. De repente estão associando o comportamento às mudanças da adolescência.
Se você falar sobre ansiedade com eles, vai ficar mais fácil buscar ajuda profissional.
Não existe receita pronta, já que cada família é diferente, mas os passos abaixo vão ajudar! Bora ver na prática como fazer?
Dicas para conversar com os pais sobre ansiedade
Como planejar a conversa
- Pense no que você quer falar: antes de chamá-los para conversar, tire um tempo para tentar entender o que você está sentindo, porque se sente ansioso e como acha que seus pais podem ajudar. Se precisar, escreva as ideias em um papel ou no computador e ensaie o texto antes de falar com eles.
- Prepare-se para as perguntas: provavelmente você vai ter que explicar algumas coisas, talvez dar exemplos de como a ansiedade te atrapalha. Talvez até tenha que contar o que significa transtorno de ansiedade. Faça uma lista de possíveis perguntas e pense em respostas para elas.
- Faça no seu tempo: falar sobre esses assuntos pode ser difícil, então você precisa ter segurança de que é o momento certo de conversar. E se “travar” na primeira tentativa, não desista! Tente de novo depois de algum tempo.
- Escolha com quem quer falar: você prefere falar com seu pai ou mãe? Talvez você tenha mais intimidade com algum deles, ou então pode falar com ambos de uma vez. Veja como se sente mais confortável.
- Escolha o melhor momento: é uma conversa séria, então faça sem distrações. Escolha um horário em que todo mundo esteja descansado e atento para a conversa fluir melhor. Se não tiver certeza sobre quando falar, diga algo do tipo: “preciso conversar sobre um assunto importante. Quando vocês têm tempo?”. Se a pessoa ficar curiosa na hora, diga que não está se sentindo muito bem e quer conversar sobre isso.
Como contar para os pais que sofre de ansiedade
- Respire fundo: talvez você sinta nervosismo antes de começar a falar. Ou quando chegar na hora, pode falar algo diferente do que tinha planejado, ou “travar”. Não se preocupe se isso acontecer!
Tente respirar fundo e se concentrar. Inspire bem fundo, segure o ar por alguns segundos, e solte. Repita várias vezes e vai sentir a calma chegando.
- Comece devagar: explique porque você chamou seus pais para conversar. Diga que acha que está sentindo muita ansiedade e acha que eles podem ajudar. A partir da reação deles, vá desenrolando a conversa.
- Diga como se sente: diga a eles exatamente como você se sente. Se notou algum sintoma, descreva como e quando aconteceu. Lembre-se que provavelmente eles também já notaram alguma mudança de comportamento.
- Vá direto ao ponto: não precisa dar muitos detalhes se não quiser. Foque no principal: você não está se sentindo bem e quer a ajuda deles para melhorar.
- Use exemplos: diga como a ansiedade te afeta na prática. Por exemplo: “estou comendo demais e não sei o motivo”, ou “tenho dificuldades para dormir”, “do nada eu sinto medo de morrer”, ou o que mais você sentir.
- Seja sincero: não tenha medo de se expor. Afinal, são seus pais e eles querem o seu melhor. ❤️
- Esteja preparado para um “não”: é duro, mas muitas vezes é isso o que acontece. Saúde mental ainda é um tabu, muitos pais não tem informação ou sensibilidade para lidar com o assunto. Tampouco estão dispostos a se informar mais para aprender que isso não é frescura.
Depois que vocês tiverem a conversa, tem dois resultados possíveis:
- Seus pais vão compreender e te ajudar a procurar ajuda profissional.
- Eles vão diminuir a gravidade do problema ou ignora-lo, aí você vai ter que tentar conversar de novo depois.
👇 Veja o que fazer em cada situação:
O que fazer se os pais apoiarem
- Peça ajuda: deixe claro que você precisa deles para se sentir melhor. Se você não sabe como dizer isso, tente o seguinte: “Não estou me sentindo bem ultimamente. Quero fazer terapia, podem me ajudar?”. Ou alguma frase parecida.
- Mostre que é algo importante: talvez seus pais achem que é algo natural, uma fase da adolescência, ou algo assim. Mas se você achar que realmente é algo sério, diga a eles: “Tenho certeza de que não é normal. Acho que é sério e preciso mesmo de ajuda”.
- Veja o que eles podem fazer: além da ajuda para marcar terapia, existem outras formas de os pais ajudarem. Talvez desabafando, talvez passando mais tempo com você, dando um abraço na hora da crise, depende muito. Veja o que eles têm a dizer sobre isso. Se tiver alguma sugestão, fale com eles também.
Quando os pais mostram apoio, fica mais simples. Vocês provavelmente terão mais algumas conversas a respeito, vão escolher um psicólogo e aí você vai começar a fazer o tratamento. 💪
Caso tenha algum pai ou mãe lendo essa parte: leve as queixas de saúde mental dos seus filhos a sério, ok?
Crises de ansiedade ou comportamentos depressivos atrapalham a rotina, rendimento escolar e trabalho. Fora que podem se tornar problemas muito sérios, como comportamentos suicidas.
Procure não falar frases como “isso é coisa da sua cabeça”, “tenta se distrair que vai passar sozinho” ou afins. Melhor você levar os filhos para a terapia e não ser nada, do que não levar e agravar o quadro de ansiedade!
Além disso, lembre-se de que é muito difícil se abrir para falar sobre ansiedade. Por isso, ao diminuir a queixa ou não dar atenção, você pode prejudicar muito sua relação com seus filhos.
O que fazer se os pais não apoiarem
- Não se desespere: caso eles não tenham te encorajado, mantenha a calma. Eles podem ter ficado confusos, talvez tenham sido pegos de surpresa.
- Não se culpe: você fez a coisa certa em tentar falar sobre ansiedade, mesmo que não tenha tido o resultado que você esperava. Continue assim! 🥇
- Insista: se não der certo, encerre a conversa. Mas tente novamente depois de alguns dias, no mês que vem ou da próxima vez que sentir ansiedade. Se você tiver certeza de que algo não está certo, insista.
Deixe claro que a situação está atrapalhando a sua vida e que você precisa do apoio deles para conseguir superar.
- Converse com outras pessoas: além dos seus pais, tem outra pessoa em quem você confie muito? Talvez uma irmã, tios, padrinho, avó, professor, enfim. Conversar com outro adulto pode ajudar a tirar a pressão de você. Eles podem dar conselhos diferentes e até ajudar a convencer os seus pais.
- Tente entender o ponto de vista dos seus pais: é muito difícil fazer isso, mas pelo menos tente. Isso pode ajudar a organizar seus pensamentos. Os seus pais são de outra geração e na época deles as pessoas falavam ainda menos sobre ansiedade. Talvez eles estejam tão perdidos quanto você!
Como obter ajuda para tratar ansiedade
Como falamos ao longo de todo o texto, falar sobre ansiedade é só o primeiro passo. Depois dessa conversa, é preciso marcar terapia para diagnosticar, entender as causas e começar a tratar.
Você pode marcar terapias particulares. Nesse caso, peça recomendações de psicólogos pra amigos, familiares ou até mesmo nas redes sociais.
Quando for agendar a consulta, comente rapidamente a situação e veja se o profissional tem experiência com casos parecidos com o seu.
O pagamento normalmente é feito por sessão e muitos atendem por plano de saúde.
Se não puder ou não quiser marcar uma consulta particular, você pode usar o SUS. É de graça, mas costuma demorar mais para conseguir agendar.
Consulte a unidade de saúde mais próxima para confirmar se pode agendar diretamente ou se é necessário se consultar com um outro médico antes.
O ideal é pais e filhos escolherem juntos o profissional mais adequado. Não deixem para depois, ansiedade é assunto sério!
Esperamos que o texto tenha ajudado! E compartilhe este post com outras pessoas, afinal, nunca sabemos quem também está passando por essa situação, para que também possam se informar e buscar ajuda. 💪
E se você quiser que seus pais sejam mais tolerantes, carinhosos, e que estejam mais atualizados com as questões atuais que os jovens passam, recomende que assinem o Tomo dos Pais. O nosso trabalho é justamente ajudar pais e mães a darem uma vida épica pros seus filhos!
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