Desenvolver autoestima significa entender o próprio valor. Saber que o seu jeito é único e especial. Para isso, é preciso estar em um ambiente acolhedor, que respeita as diferenças e ensina que os erros são oportunidades de aprender e melhorar.
Isso não acontece de um dia para o outro. É necessário ter uma rotina de apoio positivo, especialmente com as crianças.
Precisa elogiar, demonstrar amor e dar apoio em tudo. Ao mesmo tempo, precisa deixar que elas lutem as próprias batalhas e construam independência e autoestima por conta própria.
Profundo, né? 😂 Mas na prática é mais simples. Existe uma série de atividades para trabalhar a autoestima, que você pode desenvolver junto dos seus filhos. Neste texto, você conhecerá as principais!
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O que é autoestima infantil?
Autoestima é o quanto uma pessoa se dá valor, ou acredita que tem qualidades positivas. É o jeito como nos sentimos em relação a nós mesmos. Ninguém nasce com autoestima alta ou baixa — ao longo da vida, aprendemos a elevá-la.
A autoestima reflete no jeito que a criança trata a si e aos outros. Ter amor próprio dá confiança para tentar coisas novas, ajuda a fazer amigos, e a ter gentileza e compaixão com as dores e sentimentos dos outros.
Para ter autoestima, seu filho precisa se sentir seguro e amado. E saber que é uma pessoa útil e com habilidades importantes.
👉 Guia completo: como fazer seu filho mais feliz
Ter autoestima elevada também ajuda a desenvolver outras virtudes. Por exemplo:
- Independência: quem tem autoestima encara os desafios e não depende tanto dos outros.
- Autocompaixão: reconhecer as próprias falhas e aprender com elas.
- Inteligência emocional: significa entender os próprios sentimentos.
As habilidades acima são muito importantes para ter sucesso nos estudos, trabalho e nas relações interpessoais. Por isso, tenha atenção aos sinais de baixa autoestima.
O que provoca a baixa autoestima?
Existem vários comportamentos que “engatilham” problemas de autoestima. Os mais comuns são:
- Comparação com os outros: se comparar com os outros é normal em alguma medida, mas algumas crianças começam a enfatizar demais as suas próprias fraquezas. Isso leva a um ciclo de sempre se sentir incapaz — e piora muito quando pais, colegas ou professores também as comparam.
- Pressão social: especialmente durante a adolescência, seu filho pode se sentir pressionado a ir bem na escola, passar no vestibular, ou começar a trabalhar logo. A preocupação em ter a aprovação dos pais ou colegas pode se transformar em dúvidas sobre a própria capacidade, se os resultados não forem o que seu filho espera.
- Sensação de incompetência: se o seu filho gosta muito de algo, mas não consegue desempenhar, pode desenvolver baixa autoestima.
- Medo de desapontar: em alguns casos, quando seu filho sente que pais ou amigos estão bravos ou decepcionados com ele, a autoestima sofre um baque. Se ele não recebe apoio para lidar com a situação, fica ainda pior.
- Problemas familiares: brigas entre familiares interferem na forma como as crianças entendem as emoções. Ao conviver em um ambiente cheio de negatividade, elas podem sentir que são as culpadas.
- Bullying: pode levar crianças e adolescentes a acharem que os comentários maldosos são verdadeiros, ou que de alguma maneira têm culpa pelos abusos.
- Problemas de saúde: por exemplo, não poder fazer educação física na escola, ou ter problemas que dificulta a socialização pode diminuir a autoestima.
Quais os sintomas da baixa autoestima?
- Falar negativamente sobre si.
- Se chamar de “feio, burro, incapaz” ou coisas assim.
- Se comparar com os outros e sempre se achando pior.
- Se preocupar demais com a opinião dos outros.
- Ter dificuldade para socializar.
- Sentir que não consegue realizar algo, mesmo se esforçando bastante.
- Tem dificuldade em aceitar críticas ou elogios.
- Evitar fazer coisas novas por medo de fracassar, ou desistir rápido.
- Culpar sempre os outros pelo que não dá certo.
Algumas crianças com problema de autoestima desenvolvem estratégias para lidar com as próprias fraquezas e frustrações. Estas são algumas:
- Esquiva: evitar situações que o deixem desconfortável, como participar de uma peça de teatro da escola, ou praticar esportes.
- Dar desculpas: desistir dando desculpa do tipo “o jogo era muito fácil” ou “aprender inglês é muito chato”.
- Humor: fazer piadinhas para disfarçar as inseguranças e tirar a atenção do que traz desconforto.
- Comportamento controlador: tentar se impor demais sobre os outros. Por exemplo, querer sempre escolher a brincadeira ou as regras dos jogos.
- Agressão: fazer bullying com os colegas para tentar encobrir a baixa autoestima e se sentir poderoso.
Como criar filhos com autoestima?
Agora que você já sabe quais atitudes e comportamentos matam o amor-próprio, chegou a hora de aprender na prática como criar um filho com autoestima!
Abaixo você vê uma lista com 20 atividades para trabalhar autoestima diariamente. Algumas você e seus filhos devem fazer juntos, outras você apenas deve estimular e ficar observando.
Demonstre afeto
Uma das dicas mais fáceis e efetivas: diga que você ama seu filho. Fale frequentemente e mostre também com ações. Faça ele lembrar sempre que ele é especial para toda a família.
👉 As 6 melhores dicas para ser uma mãe mais amorosa (funciona bem também para pais!)
Escolha bem as suas palavras
Conversar com seu filho do jeito certo é fundamental, especialmente na hora de criticar. Precisa ser direto para ele entender o recado, mas não pode ser grosseiro ou insensível para não magoar.
Da próxima vez que precisar criticar seu filho por algo, faça assim:
Evite:
❌ Acusar, com frases como “você é preguiçoso”, “você não se esforça o suficiente, por isso vai reprovar”.
❌ Julgar sem tentar entender o motivo das ações do seu filho.
❌ Xingar ou faltar com respeito.
Faça:
✅ Diga porque está criticando: “Estou com medo de você reprovar na escola”.
✅ Mostre como é possível resolver. “Preciso que você fique uma hora por dia a mais estudando”.
✅ Demonstre apoio. “Amanhã eu sento com você e te ajudo com a lição”.
É difícil fazer isso de cabeça quente, se perceber que não consegue se controlar, vale a pena tentar estratégias tipo falar “depois conversamos sobre isso”, para que você tenha tempo para se acalmar e refletir antes de conversar com seu filho.
Critique em particular, elogie em público
Se vê muito isso em empresas, mas também serve para criar um filho com autoestima.
Quando elogiar, faça na frente de outras pessoas da família para que ele se sinta orgulhoso.
Quando precisar dar uma bronca, chame-o em reservado. Se ele repetir o comportamento, aí sim, você dá uma chamada em público, falando algo como “lembra do que conversamos sobre isso?”.
Elogie o esforço, não o resultado
Reconheça o esforço dos seus filhos para conquistar algo, e não apenas a conquista em si.
Seu filho não precisa tirar 10 em tudo para merecer um elogio sincero. Melhorar uma nota ruim já é motivo de comemoração.
E, se ele fizer um desenho bonito, pendure na geladeira, mesmo se alguma parte ainda estiver torta.
Só não pode mentir nos elogios. Se ele tiver jogado mal no futebol, diga que não dá para ganhar todas e que a garra conta muito.
👉 Adolescentes detestam quando os pais só criticam e não reconhecem o esforço. Descubra como eles se sentem.
Elogie de forma específica
Elogie o esforço dos seus filhos, mas vá além. Indique o que ele precisa fazer para melhorar. Ser específico ajuda a entender e torna o esforço mais recompensador, principalmente para as crianças menores.
Se ela estiver desenhando, atente-se para os pontos que ainda não estão muito bonitos. Elogie o esforço, mas também mostre como fazer melhor.
Se estiver jogando futebol, treine os chutes a gol ou as defesas, e assim vai.
Esforço sem estratégia pode levar a frustrações no futuro. Essa abordagem ajuda a evitar esse problema.
Se abra com seus filhos
Converse sempre sobre sentimentos com seus filhos.
Com as crianças menores, ajude a dar nome a cada emoção (como no filme “Divertida Mente” 😉).
Com as mais velhas, estimule a te contar quando estiverem felizes, nervosas ou ansiosas.
Isso é útil porque faz seu filho sentir que os sentimentos dele importam. E também porque crianças com baixa autoestima podem sentir dificuldades em lidar com as próprias emoções.
Se sentir dificuldade para puxar essas conversas, comece contando sobre seus próprios sentimentos. Diga se está feliz, se tem algo perturbando no trabalho, ou se está nervosa por alguma razão.
Descubra o potencial do seu filho
Ajude seu filho a descobrir o que ele faz bem. Tire o foco das fraquezas, ajudando a superar ou mostrando outras habilidades que o tornam especial.
Descubra o que seu filho gosta de fazer e incentive. Assista aos jogos de futebol dele, leve para aulas de dança, saiam juntos para fotografar, deixe ele fazer o jantar, e assim por diante.
Atente-se para a rotina e gostos dos seus filhos para conseguir ajudá-lo a alcançar seu potencial. A melhor forma de fazer isso é passando mais tempo com eles.
Ensine algo novo
Estimule o que seu filho já gosta de fazer, mas também apresente novas opções. Faça ele fugir da rotina e faça ele se surpreender comas próprias habilidades!
Atente-se aos interesses e habilidades que o seu filho já tem e procure maneiras de impulsioná-lo. Pode ser praticando junto, comprando equipamentos, ou pagando aulas particulares.
Estes são dois exemplos com guias no blog do Tomo dos Pais:
👉 Dicas e receitas para ensinar os filhos a cozinhar: uma das habilidades mais importantes da vida adulta. 👩🍳👨🍳
👉 Natação infantil: guia sobre o esporte mais completo para o corpo.
Além dessas, outras possibilidades são:
- Programação: por meio de aplicativos ou cursos gratuitos na internet.
- Esportes: futebol, basquete, vôlei, ginástica, skate, ciclismo.
- Música: aulas de canto, violão, guitarra, bateria, cavaquinho.
- Artes: teatro, pintura, dança, desenho.
Seu filho pode gostar de algo que você não conhece (ou não entende). Ao invés de sugerir outra atividade, entre nesse universo com ele! O segredo de como criar um filho com autoestima é se envolver sempre.
Rebata os comentários negativos
Quando seu filho fizer uma autocrítica muito negativa, intervenha. Diga que ele precisa parar de ouvir a voz que vem de dentro da cabeça porque muitas vezes ela não é verdade.
Rebata os comentários negativos com elogios e argumentos. Ensine o seu filho a falar de si como se estivesse falando de um amigo ou familiar.
Trate os erros como oportunidade
Procure não ser perfeccionista com seus filhos. Explique que está tudo bem errar e que nem todos acertam sempre. E mostre que é possível aprender com os erros.
Ao invés de brigar, explique qual foi o erro e reflita junto com seu filho: como podemos sair daqui melhores e prontos para errar menos daqui pra frente?
A frase abaixo ilustra bem essa ideia:
Meu pai ensinou que nas cicatrizes estão as bênçãos, e que nas falhas estão as oportunidades.
Nia Batts, empresária.
Não compare seus filhos
Como disse na primeira parte do texto, se comparar é um veneno para criar um filho com baixa autoestima. Nunca faça!
Não insinue que seu filho é pior que alguém. Isso pode fazê-lo esquecer das próprias virtudes.
E também não diga que seu filho é melhor que os colegas. Isso dificulta a criação de empatia.
Ao invés disso, lembre-o sempre que cada pessoa é única. Cada um tem suas próprias virtudes. E a combinação dessas habilidades pode mudar o mundo. 💪
Ensine a aceitar elogios
Dica de ouro se você já identificou algum problema de baixa autoestima infantil.
Pessoas assim tendem a ter dificuldade em aceitar elogios. Sentem que não é de verdade, que não merecem, ou que não fizeram nada de especial.
Por isso, sempre que seu filho superar as expectativas, elogie até ele entender que fez algo incrível.
Se ele disse que “não foi nada” ou “nem foi tão legal assim”, insista! 😛 Pode ser um pouco chato no início, mas faz diferença.
Deixe o passado para trás
Já viu aquele meme do cérebro colocando o VHS com todas as suas vergonhas pra tocar de madrugada? 😂
Quando isso acontece com uma pessoa com baixa autoestima, pode desencadear um ciclo de arrependimento.
Portanto, deixe os erros do passado no passado. Se brigar com seu filho, não jogue os erros na cara dele. Na maioria das vezes é melhor só focar no futuro mesmo.
Use afirmações positivas
Afirmações positivas são frases que causam bem-estar em quem ouve. Elas ajudam a vencer a autossabotagem e interromper os pensamentos negativos. Fale para seu filho e o ensine a lembrar (ou até falar em voz alta) durante o dia.
Esses são alguns exemplos:
- Eu sou suficiente do jeito que eu sou.
- Sou especial, querido e amado.
- Acredito em mim mesmo e sou capaz.
- Sou importante e tenho valor.
- Sou feliz em ser eu.
Essa é uma técnica muito usada em meditação ou em atividades que buscam a paz interior e podem ajudar também na missão de criar um filho com autoestima.
Ajude seu filho a encontrar sua voz
Dica específica para pais e mães de adolescentes! Você pode trabalhar esse ponto na infância, mas ele se torna mais problemático por volta dos 11 a 16 anos.
Você pode ter uma carreira programada para seu filho, mas ele precisa escolher se quer seguir. E você precisa apoiá-lo, mesmo que não goste do que ele escolher.
Quando você apoia, seu filho se sente capaz. Mostre que está tudo bem falhar, ou mudar de ideia depois, e ajude a desenvolver as habilidades que ainda faltam.
Talvez ele quebre a cara, mas você precisa deixá-lo tentar. Seja presente e proteja-o, mas sem ser coruja demais.
Dê suporte para seu filho conquistar o mundo
Ao longo da vida seu filho terá vários objetivos. Alguns deles alcançáveis, outros nem tanto. Apoie-o em ambos.
Se ele for pequeno e falar que quer ser um astronauta, leve-o a um planetário.
Quando tiver mais idade, explique que o caminho é difícil e que poucas pessoas realmente chegam lá. Tente não transmitir negatividade, apenas fale que tudo bem não ser um astronauta. Ele ainda pode estudar Física e trabalhar com as estrelas.
O mesmo vale para qualquer outro outro objetivo: construir uma pipa, aprender um passo de dança, ou ser artilheiro no futebol do bairro.
Converse com ele sobre esses objetivos e veja como pode ajudar, nem que seja só com apoio moral. Isso é fundamental para criar um filho com autoestima.
Brinquem juntos
Tente criar esse hábito desde quando seu filho for bebê.
As brincadeiras de berçário ajudam a entender o mundo. Na infância, as brincadeiras ajudam a criança a entender que tem valor e é apreciada. Na adolescência, se transformam em passeios ou atividades físicas, que são ótimas para desabafar e fortalecer os laços.
Incentive seu filho a se exercitar
Movimentar o corpo traz uma série de benefícios para a saúde mental, inclusive aumento de autoestima:
Do ponto de vista emocional, quem está ativo diminui a ansiedade e o estresse e aumenta a autoestima e a disposição para fazer tudo no dia a dia.
Amilton Vieira, professor de Educação Física da Universidade de Brasília, ao site do Ministério da Saúde
Se o seu filho for sedentário, incentive a começar devagar. Nem que seja uma caminhada curta pelo bairro, ou ir de bicicleta para os compromissos próximos.
Se a baixa autoestima infantil estiver relacionada com a aparência, se exercitar ajuda mais ainda.
Deixe seu filho resolver problemas por conta própria
Não elimine todos os obstáculos da vida dos seus filhos. Quando seu filho aprende que o pai ou a mãe não cairá do céu para resolver os problemas, se torna independente.
Aprende a investigar as causas dos problemas e desenvolver planos para resolver. No processo, passa a se sentir mais capaz e melhora a autoestima.
Você precisa supervisionar esse processo e deixar os problemas certos para cada idade na mão deles.
É difícil saber até onde pode ir, mas com o tempo você pega a prática. 💪
Defina responsabilidades
A lógica é parecida com deixar seu filho solucionar problemas por conta própria. Quando seu filho tem responsabilidades, sente que as pessoas confiam nele.
Você pode treinar essa dinâmica desde quando ele for criança.
Nos anos iniciais, a responsabilidade pode ser guardar os brinquedos depois de brincar.
Quando for mais velho, ajudar a arrumar a mesa para o jantar ou limpar o quarto.
Espero que agora você saiba melhor como criar um filho com autoestima!
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